terça-feira, 5 de janeiro de 2010

REFLETINDO SOBRE A MOTIVAÇÂO NA SALA DE AULA

Prefeitura Municipal de Itabuna
Secretaria de Educação e Cultura
Escola Iolanda Pires
Coordenação Pedagógica: Márcia Cristina & Alaíse Diniz

JORNADA PEDAGÓGICA DA ESCOLA
2008
TEXTO 01: REFLETINDO SOBRE A MOTIVAÇÂO NA SALA DE AULA

MOTIVAÇÃO E ATITUDE
O papel da motivação tanto no aprendizado como no ensino não pode ser superestimado. Em Teaching by Principles, H Douglas Brown apresenta um panorama da pesquisa nessa área e oferece uma definição de motivação como “o grau em que você toma decisões sobre: a) metas a perseguir e b) o esforço que você vai dedicar a isso” (p. 32).
Houve várias tentativas de estudar e classificar os fatores envolvidos na motivação. Por algum tempo, uma distinção entre motivação “integrativa” e “instrumental” gozou de ampla popularidade a primeira sendo a motivação incitada por uma necessidade e desejo de integrar-se numa sociedade e identificar-se com ela: a última nascendo de um desejo de adquirir aptidões ou conhecimentos para utilizar como arma na obtenção de outros objetivos. A motivação integrativa foi considerada um pouco mais forte e duradoura, mas os estudos nessa área se revelaram bem inconcludentes.
“Outra divisão popular é entre motivação intrínseca, que deriva de um desejo dc satisfazer necessidades, objetivos ou ambições pessoais sem a promessa de uma recompensa específica, e motivação extrínseca”, que nasce do desejo de obter tais recompensas. Aqui, a motivação “intrínseca”, parece ser mais poderosa.
O senso comum apóia a idéia de que a realização é um dos melhores motivadores. Quando temos indícios tangíveis de que estamos atingindo objetivos ou somos bem-sucedidos no que fazemos, a motivação aumenta e se sustenta por longos períodos. Na educação, essas idéias se aplicam para professores e alunos. Se os professores estão contentes com os resultados de seu trabalho, eles vão abraçar seu próximo encargo com mais entusiasmo e maior motivação. De modo semelhante, os alunos que experimentam sucesso na escola ficarão mais ávidos por participar e expandir seu conhecimento. Nem é preciso dizer, a falta de resultados transforma um curso, série ou etapa de um ciclo em fardo para professores e alunos.
Parece lógico ver a motivação como uma gama de fatores complexos e variados e individualizados. Em geral, porém, poderíamos descrever um aluno motivado como aquele que está:
• disposto a se envolver em todas as tarefas de aprendizagem;
• interessado em todos os aspectos da matéria;
• ávido por cooperar com o professor e os colegas;
• pronto para investir energia nas tarefas designadas;
• disposto a continuar um aprendizado independente da sala de aula:
• apto para permanecer na tarefa;
• disposto a encorajar os colegas a trabalhar cuidadosamente:
• pronto para dar sugestões sobre como o programa poderia ser me1h orado;
• apto para perguntar coisas pertinentes ao conteúdo que está sendo ensinado.
ALGUNS FATORES CONSIDERADOS IMPORTANTES PARA O APRENDIZADO
 Aptidão;
 Persistência;
 Motivação;
 Interesse;
 Envolvimento;
 Paciência;
 Descanso;
 Tranqüilidade;
Se os alunos têm experiências de aprendizado satisfatórias, esse sentimento de satisfação e realização os motiva a estudar mais. Um de nossos papéis, portanto, é fazer com que as experiências de aprendizagem iniciais sejam tão positivas quanto possíveis.
MANEIRAS DE PROMOVER A MOTIVAÇÃO
 Estabelecer objetivos pertinentes às metas pessoais dos alunos;
 Apelar para as necessidades e os desejos que têm os alunos de explorarem e aprenderem;
 Envolver os alunos na seleção de atividades, materiais e tarefas;
 Apelar aos interesses dos alunos;
 Oferecer aos alunos muito feedback positivo e encorajamento;
 Criar tarefas que permitem aos alunos ter um sentimento de realização;
 Passo tarefas à altura dos níveis de proficiência dos alunos;
 Perguntar sobre os interesses, hobbies, atividades de lazer e objetivos dos alunos.
Perguntar sobre os interesses, hobbies, atividades de lazer e objetivos dos alunos tem uma vantagem dupla: mostra seu interesse genuíno por eles e pode servir como base para o planejamento de atividades futuras. Se construímos programas em torno de materiais e tópicos de interesse para nossos alunos, podemos lucrar.
Os estudantes geralmente estão motivados no início de um curso, série ou ciclo – têm altas expectativas, e o nível de motivação que conseguem sustentar é diretamente proporcional ao nível de concretização de suas expectativas. No ensino fundamental ou médio em que há uma “audiência cativa”, quedas de motivação podem levar a uma atmosfera desagradável para o aprendizado e o ensino. Com alunos mais velhos, também pode haver um aumento de atrasos e faltas, particularmente em programas em que presença e atitude não entram na avaliação. Fatores motivacionais entre estudantes adultos podem ter sério impactos sobre o destino de um curso inteiro. Ser a motivação não se mantém num nível adequadamente alto, os alunos simplesmente desaparecem, às vezes em número suficiente para resultar no término do curso ou fechamento de uma classe ou turma.
QUALIDADES DO PROFESSOR
E de bom grado ele aprendia, e de bom grado ensinava.
GEOFFREY CHAUCER, THE CANTERBURY TALES
As qualidades e características do professor são como genes: cada um tem uma combinação única que o distingue de todos os outros. As qualidades de um professor têm muito a ver com quão motivados estão os alunos para fazer o melhor na sala de aula.
Mary Torti, uma professora na St. Martha Scool, em Toronto, pediu a um grupo de alunos das 7ª e 8ª séries que lesse uma relação de traços que caracterizavam “bons” e “maus” professores e os classificasse segundo suas percepções das qualidades de um professor. (As características pertencem à lista de qualidades dos professores de línguas, de Luke Prodromou, apresentada no Fórum de Inglês, de abril de 1991.)
Os alunos consideraram boa uma professora quando tinha as seguintes qualidades ou fazia as seguintes coisas, em ordem decrescente de importância.
 Ela acreditava em mim e me fazia acreditar em mim mesmo;
 Ela se certificava de que todos haviam entendido;
 Fazíamos as lições em conjunto;
 Ela deixava os alunos fazê-las sozinhos;
 Ela gesticulava para deixar o significado claro;
 Ela falava sobre a aula;
 Ela lia num tom que deixava o significado claro.
 Ela falava sobre outros tópicos;
 Fazíamos trabalhos em grupo;
 Jogávamos jogos.

A má professora era aquela que exibia estas qualidades:

 Ela era muito rigorosa;
 Ela gritava por nada;
 Ela não nos deixava falar;
 Ela era muito nervosa e mal-humorada;
 Ela não sorria;
 Ela nos forçava a fazer coisas;
 Ela dava notas o tempo todo;
 Ela sempre falava em cima de nossas cabeças e dominava as coisas;
 Ela dava muitas provas;
 Ela começava a aula imediatamente.
Em Teachimg by Principles, descreve um aspecto positivo que ele chama de “energia de sala de aula”. Ele explica que “não importa por meio de que papel ou estilo consiga isso, você a atinge pela preparação sólida, confiança em sua habilidade de ensinar, por crença genuinamente positiva na aptidão de seus alunos de aprender, uma alegria em fazer o que faz, manifestando abertamente essa preparação, confiança positiva e alegria ao circular pela sala de aula” (P.422).
Características e habilidades como cordialidade, solidariedade, autenticidade e aptidões para negociar e ouvir, além de posturas positivas são necessárias para os professores. Num artigo de The Language Teavher Online, Adrian Underhill afirma que “esses fatores pessoais e interpessoais não são fixos, podem ser trazidos á consciência, observados, comentados, ponderados, praticados e melhorados significativamente”.
MOTIVAÇÃO E ATITUDE DO PROFESSOR
É consenso geral que nossa atitude em relação ao trabalho tem uma importante influência na sala de aula. Em certa medida, ela não só é responsável pelos sucessos e fracassos de nosso trabalho, mas também pode afetar o aprendizado dos alunos. Atitudes parecem gerar atitudes; as atitudes que temos perante nossas tarefas engendram as atitudes e condutas dos alunos.
Num artigo de 1989, Donald Freeman fornece uma abrangente definição de atitude.
Atitude aqui é definida como postura que o indivíduo adota em relação a si mesmo, à atividade de ensinar e aos alunos envolvidos no processo de ensino/aprendizado. Atitude é uma interação de comportamento, ações e percepções orientados para o exterior, de um lado, e dinâmica, sentimentos e reações internas intrapessoais, de outro. Ela se torna uma espécie de ponte que influencia o trabalho eficaz do professor individual em circunstâncias particulares. Como tal, ela pode começar a explicar os sucessos, pontos fortes e fracos que distinguem um professor (p.32).
O termo “entusiasta” no contexto da educação evoca a imagem de uma agradável atmosfera de aprendizagem, com os professores irradiando energia e alegria por tudo o que fazem. O entusiasmo garante, no professor, comprometimento e ligação profundos com seu trabalho e uma forma positiva de lidar com a tensão. Em geral, parece que os professores com essa característica positiva fora da sala de aula a levam para dentro também.
Como escreveu Julia Chermali num artigo do TESL Contact, “O professor que combina conhecimento e entusiasmo é aquele que consegue prender a atenção dos alunos”.
Certas qualidades do professor parecem ser pré-requisitos para atingir a performance máxima em certos cenários de ensino.
SEU BEM ESTAR GERAL
Seja grato quando se sentir bem e gracioso quando se sentir mal.
RICHARD CARLSON, DON’T SWEAR THE SMALL STUFF…
AND IT’S ALL SMALL STUFF
A maioria dos professores (ou talvez todos?) trabalha em ambientes muito estressantes. Reclamações comuns concentram-se na enorme carga de trabalho, problemas com comportamento dos alunos, ansiedade em relação ao futuro desconhecido e dificuldade de lidar com responsabilidades extras acrescentadas à agenda diária. Considerando a magnitude do problema e o fato de as condições de trabalho raramente mudarem, é essencial que os professores recebam apoio suficiente para enfrentar a situação existente. Infelizmente, em muitos contextos não se faz o suficiente para ajudar os professores a aliviar o estress. Em vez disso, os professores têm de desenvolver suas próprias estratégias de defesa, entre as quais podem estar:
 Adaptar-se a um nível de tolerância maior;
 Evitar situações estressantes completamente ou sempre que possível;
 Pedir transferência;
 Demitir-se ou aposentar-se antes do tempo;
 Mudar de profissão;
 Desenvolver técnicas para lidar com o estress (exercícios, meditação, etc.).
Você provavelmente concordará que a última opção é de longe a mais construtiva, mas ao mesmo tempo pode ser a mais difícil de implementar.
Muitos concordariam que o estress é causado não só pelas próprias circunstâncias, mas pelo modo como reagimos a elas.
Muitas pessoas afirmam o “poder do pensamento positivo”. Como disse Henry Ford, “Não importa se pensa que pode ou se pensa que não pode, você está certo”. Uma professora do ensino médio criou certa vez uma frase positiva – “Estou confiante de que posso ser inteiramente responsável por meu atual grupo de alunos” – e repetiu-a para si mesma diariamente, o que segundo ela, teve resultados muito positivos. Crie sua própria frase e experimente esse método para ver se funciona para você.
Outras maneiras de aliviar o estress é ajudar os outros, reservar tempo para suas atividades de lazer favoritas e dar a si mesmo a oportunidade de “recarregar as baterias” é tão importante quanto dedicar tempo, esforço e atenção a sua família, amigos alunos e tarefas profissionais.
RELAÇÃO PROFESSOR E ALUNO
A relação professor-aluno é geralmente especial e pode ressoar por toda uma vida. Os alunos muitas vezes reconhecem ex-professores como “deles” mesmo depois de muitos anos e lhes conferem um lugar especial em suas lembranças.
Alunos de todas as idades respondem positivamente aos professores que mostram interesse e respeito por eles como indivíduos e lhes dão todo o apoio necessário. Essa atitude na sala de aula cria não só um ambiente positivo de aprendizagem, mas uma expectativa positiva de vida.

COMO ESTIMULAR A MOTIVAÇÃO NOS ALUNOS
 Tratando-os com respeito;
 Enxergando-os como pessoas;
 Levando em conta, suas preocupações, problemas, interesses, especificidades, dificuldades, necessidades, seus ritmos de aprendizagem e limitações;
 Fazendo-os acreditarem em suas capacidades;
 Incentivando –os no exercício da autonomia, da expressão, participação, da busca;
 Trabalhando a sua auto-estima;
 Ouvindo-os antes de falar;
 Permitindo e promovendo o diálogo constante e a cumunicação crescente na sala de aula e mais....

“Uma vida para ser bem vivida precisa constantemente de injeções de ânimo e entusiasmo”
Referência Bibliográficas:
ARAUJO, João Batista & CHADWICK Clinfton. Aprender e ensinar – 4 ed. – São Paulo: Global, 2002
Organização e exposição textual: Márcia Cristina P. Cruz (Pedagoga e Especialista em Planejamento Educacional/Psicopedagogia – UESC/ FAEM). cristina_coordenadora@hotmail.com

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